As passadeiras de peões são espaços de escrita naturais: apropriamo-nos delas como das páginas de um caderno pautado e nas tiras brancas escrevemos palavras, frases, em sintonia com o meio ambiente direto da passadeira. Por exemplo, a proximidade de uma escola ou de uma igreja, orienta o ato da escrita.
As Passadeiras de Poetipeões quebram o cinzento e branco dos solos urbanos e acrescentam ao diálogo que queremos alimentar entre a cidade e os seus habitantes.
O Globo
Ofereçamos o globo às crianças, pelo menos por um dia,
Demos-lho para que elas brinquem como com uma bola colorida
Para que elas brinquem enquanto cantam por entre as estrelas.
Ofereçamos o globo às crianças,
Demos-lho como uma enorme maçã
Com uma bola de pão bem quente,
Que pelo menos por um dia elas possam saciar a fome
Ofereçamos o globo às crianças,
Que pelo menos por um dia o globo aprenda a camaradagem,
As crianças tomarão o globo das nossas mãos,
E aí plantarão árvores imortais.
Nâzim Hikmet
Este dispositivo faz parte de COSMOLANDS, uma instalação articulada de acordo com vários princípios; todos estão ao serviço de uma apropriação e de uma dinamização dos lugares de vida. Agimos no centro das cidades, sobre os muros esquecidos pelo olhar, sobre os passeios onde fazemos as compras, sobre as linhas de escrita das passadeiras, ao longo dos caminhos de montanha, em plena floresta, nos museus, nas igrejas, nos salões de festa. Ajudar a viver, eis o principal desafio de COSMOLANDS. Ajudar a viver o seu espaço, viver a sua memória, viver o corpo social ao qual pertencemos. Para fazer nossa uma citação de Pina Bausch: a nossa ação pretenderia inventar momentos de amor puro.