Os Poemas-Totens inspiram-se, tanto nos Cairns, como nos totens ameríndios. Escolhidos em diálogo com a estrutura de Cosmogama, são gravados em pedras ou pintados em rochas. Por vezes, um verso isolado, outras vezes uma estrofe inteira. Ao longo do passeio, o caminhante é convidado a ler, a recolher, a recompor, a deixar as palavras amadurecer dentro dele.
A vida viaja
Nenhuma caminhada
Nenhuma navegação
Se iguala à da vida
Acionando-se nas tuas veias
Centrando-se na ilhota do teu coração
Deslocando-se de idade em idade
Nenhuma exploração
Nenhuma geologia
Se comparam com os circuitos do sangue
Às aluviões do corpo
Às erupções da alma
Nenhuma ascensão
Nenhum topo
Dominam o instante
Em que, dando-te forma
A vida te dará vida
As encostas do mundo
E as reservas do dia
Nenhum país
Nenhum périplo
Rivalizam com esse breve percurso
Essa viagem tão singular
Da vida
Tornada
Tu.
Andrée Chédid
Este dispositivo faz parte de COSMOLANDS, uma instalação articulada de acordo com vários princípios; todos estão ao serviço de uma apropriação e de uma dinamização dos lugares de vida. Agimos no centro das cidades, sobre os muros esquecidos pelo olhar, sobre os passeios onde fazemos as compras, sobre as linhas de escrita das passadeiras, ao longo dos caminhos de montanha, em plena floresta, nos museus, nas igrejas, nos salões de festa. Ajudar a viver, eis o principal desafio de COSMOLANDS. Ajudar a viver o seu espaço, viver a sua memória, viver o corpo social ao qual pertencemos. Para fazer nossa uma citação de Pina Bausch: a nossa ação pretenderia inventar momentos de amor puro.